O corrimento vaginal é uma das queixas mais comuns nos consultórios ginecológicos e, frequentemente, gera muitas dúvidas e preocupações.
Por isso, é essencial entender as diferenças entre a secreção vaginal normal (fisiológica) e os sinais que podem indicar infecções, como a candidíase ou a vaginose bacteriana.
Neste texto, vou explicar para você, em detalhes, as causas, os sintomas e os tratamentos dessas condições, além de explicar quando buscar ajuda médica.
Quem é a Dra. Jaqueline Sulzbach?
Sou médica, ginecologista e obstetra e sou especializada em sexologia, tenho mais de 7 anos de atuação e experiência.
Meu atendimento é individualizado para cada paciente, levando em conta suas queixas, seus desejos e anseios.
Comigo você terá uma consulta livre de preconceitos, com total liberdade de expor todas as suas dúvidas, e juntas, decidiremos o melhor tratamento para você!

Além de médica, sou filha, irmã e esposa dedicada e também “mãe” de 5 cachorrinhas que preenchem meu dia com muita alegria!
A complexidade da saúde feminina me instiga a sempre me atualizar para oferecer o que há de melhor para as minhas pacientes.
Tenho como propósito de vida ajudar as mulheres em todas as fases de sua vida.
Se você está precisando de ajuda, conte comigo!
A secreção vaginal fisiológica
A secreção vaginal fisiológica é uma manifestação natural do corpo feminino.
Ela é composta por células vaginais descamadas, fluído cervical e muco, e desempenha um papel importante na saúde íntima, ajudando a manter a umidade, o pH e a microbiota da vagina em equilíbrio.
Essa secreção varia ao longo do ciclo menstrual, especialmente em mulheres que não fazem uso de métodos contraceptivos hormonais sistêmicos (como pílulas anticoncepcionais ou injetáveis), pois estes alteram as características fisiológicas da secreção vaginal.
No início do ciclo, a secreção é mais fluida e discreta.
Durante o período ovulatório, ela se torna mais elástica, transparente e se assemelha à clara de ovo. Esse tipo de secreção é um indicativo de que a mulher está em um período fértil.
Caso não ocorra a gestação, a secreção volta a ser mais espessa e esbranquiçada até o início da menstruação, que é composta pelas células do endométrio em descamação (o endométrio é a camada mais interna do útero).
A secreção vaginal fisiológica não tem cheiro forte ou desagradável e não é acompanhada de sintomas como coceira, dor ou ardência.
Essa variação é um reflexo direto das alterações hormonais que acontecem ao longo do ciclo menstrual.
No entanto, qualquer alteração significativa na cor, consistência ou odor da secreção pode indicar um desequilíbrio ou infecção.
Candidíase
A candidíase é uma infecção causada pelo crescimento excessivo de fungos do gênero Candida, que fazem parte da microbiota natural da vagina.
Em condições normais, esses microrganismos coexistem de forma equilibrada com outras bactérias benéficas, em um ambiente com pH vaginal ácido (em torno de 4,5).
No entanto, quando ocorre um desequilíbrio, o fungo pode se proliferar excessivamente, causando os sintomas característicos da candidíase.
Sintomas da candidíase:
- Coceira intensa na região genital;
- Ardência, especialmente ao urinar ou durante relações sexuais;
- Presença de um corrimento branco e espesso, com aspecto semelhante ao “leite coalhado”;
- Em alguns casos, inchaço e fissuras na região genital.
Principais fatores que desencadeiam a candidíase:
- Alterações hormonais (como durante a gravidez ou uso de contraceptivos hormonais);
- Redução da imunidade, que pode ser causada por estresse, doenças ou uso prolongado de medicamentos como antibióticos;
- Alimentação rica em carboidratos e açúcares;
- Uso de roupas íntimas apertadas ou tecidos sintéticos, que aumentam a umidade local.
Apesar de ser uma infecção desconfortável, a candidíase geralmente é de fácil tratamento.
O manejo pode ser feito com medicamentos, tanto em forma de pomadas vaginais quanto comprimidos orais.
Quando a paciente apresenta mais de quatro episódios de candidíase em um ano, a condição é denominada “candidíase de repetição”. Nesses casos, é necessário um tratamento prolongado, com uso de medicações por um período de até seis meses, para prevenir novos episódios.
Vaginose bacteriana
A vaginose bacteriana é a infecção vaginal mais comum entre mulheres em idade reprodutiva. Diferente da candidíase, a vaginose é causada pelo desequilíbrio da flora vaginal, com proliferação excessiva de bactérias anaeróbias, especialmente a Gardnerella vaginalis.
Esse desequilíbrio ocorre quando o pH vaginal, normalmente ácido, se torna mais básico.
Sintomas da vaginose bacteriana:
- Corrimento vaginal fino, branco-acinzentado, frequentemente acompanhado por odor forte e desagradável, semelhante a “peixe”;
- Em alguns casos, irritação e desconforto na região genital;
- Ausência de coceira intensa, o que ajuda a diferenciar a condição da candidíase.
Fatores de risco para vaginose bacteriana:
- Coito desprotegido com diferentes parcerias sexuais;
- Uso de duchas vaginais, que podem alterar a flora natural;
- Tabagismo;
- Dispositivos intrauterinos (DIUs) sem acompanhamento adequado com ginecologista.
O tratamento da vaginose bacteriana é realizado com antibióticos, que podem ser administrados por via tópica (pomadas vaginais) ou sistêmica (comprimidos).
Uma vez tratada, é importante sabermos as medidas preventivas para evitar recorrências, como evitar duchas vaginais e utilizar preservativos durante as relações sexuais.
Quando procurar um ginecologista?
É fundamental buscar orientação ginecológica sempre que houver:
- Alteração significativa na cor, consistência ou odor do corrimento vaginal;
- Presença de sintomas como coceira, ardência ou dor;
- Corrimento acompanhado de febre, dor pélvica ou desconforto durante as relações sexuais.
Esses sinais podem indicar condições mais sérias, como doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) ou infecções uterinas, que necessitam de diagnóstico e tratamento imediato.
Prevenção e cuidados gerais
Para manter a saúde vaginal e prevenir infecções como candidíase e vaginose bacteriana, algumas medidas preventivas podem ser adotadas:
- Higiene adequada: Lavar a região genital com água e sabonetes suaves, evitando o uso de produtos perfumados ou irritantes;
- Evitar duchas vaginais: Elas podem desequilibrar a flora vaginal e aumentar o risco de infecções;
- Escolha de roupas: Optar por roupas íntimas de algodão e evitar o uso prolongado de roupas apertadas ou molhadas;
- Alimentação balanceada: Consumir alimentos ricos em fibras, vitaminas e probióticos para fortalecer a imunidade;
- Hidratação: Beber água suficiente diariamente ajuda a manter o equilíbrio do organismo;
- Consulta regular ao ginecologista: Manter o acompanhamento periódico é essencial para a prevenção e o tratamento precoce de possíveis problemas.
A educação em saúde também desempenha um papel importante. Mulheres bem informadas têm mais chances de reconhecer alterações em seu corpo e buscar ajuda médica rapidamente, reduzindo o impacto de condições como a candidíase e a vaginose bacteriana em sua qualidade de vida.
Se você apresenta alguma alteração no corrimento vaginal ou tem dúvidas sobre sua saúde íntima, não hesite em procurar um ginecologista. O cuidado preventivo é a melhor forma de garantir o bem-estar e a saúde feminina.